DOENÇA DE CHAGAS: UMA ABORDAGEM UNIFICADA PARA A SAÚDE EM UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO

Este capítulo evidencia a Doença de Chagas (DC) como uma enfermidade negligenciada de alta relevância em saúde pública, indicar os fatores que contribuem para a persistência e expansão dessa doença parasitária e ressalta a necessidade de estratégias integradas e sustentadas. A DC, ou tripanossomíase americana, é uma doença parasitária causada pelo Trypanosoma cruzi, transmitida principalmente por insetos triatomíneos conhecidos como “barbeiros”. Endêmica nas Américas, especialmente na América Latina, essa zoonose afeta de 6 a 8 milhões de pessoas, sendo considerada uma das doenças tropicais mais negligenciadas do mundo. Sua persistência está fortemente associada a determinantes sociais da saúde, como pobreza, habitação precária, saneamento inadequado e baixa cobertura dos serviços públicos. A doença possui fase aguda, geralmente assintomática, e fase crônica, marcada por manifestações cardíacas, digestivas ou mistas, que levam a uma elevada carga de morbimortalidade e impacto socioeconômico. A expansão urbana, os fluxos migratórios, o desmatamento e as mudanças climáticas têm favorecido a dispersão geográfica dos vetores e intensificado os riscos de transmissão em novas áreas. Apesar da disponibilidade de medicamentos como benznidazol e nifurtimox, o acesso ao diagnóstico e tratamento continua limitado, especialmente em regiões remotas. O enfrentamento da DC exige estratégias integradas, que aliem vigilância epidemiológica, controle vetorial, diagnóstico precoce, educação em saúde e melhorias estruturais. Para além de um problema de saúde, trata-se de uma doença social, cujos desafios refletem desigualdades históricas e a ausência de políticas sustentadas para populações vulnerabilizadas. Assim, sua eliminação requer compromisso político, financiamento contínuo e ações intersetoriais efetivas.